terça-feira, 23 de outubro de 2012

50 anos é tempo suficiente?



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É interessante pensar no que significam esses 50 anos de Concílio Vaticano II.

O que são 50 anos no âmbito bimilenar da Igreja de Cristo? É possível dizer, como alguns dizem, que o Concílio foi um fracasso total ou um sucesso absoluto? Ou mesmo é possível avaliar que é hora de um novo Concílio?

O Concílio Vaticano II parece ter inaugurado um novo estilo de Concílio. A linguagem utilizada é inédita e mostra que os padres conciliares não tinham nenhuma motivação pela necessidade de passar um julgamento sobre novas questões eclesiásticas e teológicas polêmicas, como foi o caso claro de Trento, Nicéia e outros, mas sim pelo desejo de voltar a atenção à opinião pública dentro da Igreja e todo o mundo, no espírito do anúncio.

Um Concílio com um novo tipo de linguagem, uma linguagem que não foi, definitivamente como a de Trento, pode ser avaliada em 50 anos de decurso?

Retrocedendo-se o pensamento ao Concílio de Nicéia no ano de 325, as disputas em torno do dogma deste Concílio – sobre a natureza do Filho, ou seja, se Ele é da mesma substância do Pai ou não – continuaram por mais de cem anos. Cem anos é dobro do que já vivemos até aqui e o as linhas do Concílio era expressas, não interpretativas.

Santo Ambrósio foi ordenado Bispo de Milão por ocasião do cinquentenário do Concílio de Nicéia e teve que lutar duro contra os arianos que se recusavam a aceitar as disposições nicenas. Podemos tirar disso que os Concílio sempre trazem conflitos, justamente por tomarem posições certas ou fazerem mudanças.

Pouco tempo mais tarde veio um novo Concílio: o Primeiro Concílio de Constantinopla de 381, que foi considerado necessário a fim de concluir a profissão de fé de Nicéia. Durante este Concílio, Santo Agostinho recebeu a tarefa de tratar de solicitações e refutar hereges até a sua morte, em 430. É possível avaliar que mesmo o Concílio de Trento não foi muito frutuoso até o Jubileu de Ouro de 1596. Foi necessária uma nova geração de Bispos e prelados para amadurecer no “espírito do Concílio” antes que seu efeito pudesse efetivamente ser sentido.

Obviamente que não estamos ignorando que nos dias atuais as coisas acontecem mais rapidamente e as informações são praticamente instantâneas, embora pouco confiáveis. A velocidade das informações poderia ser um acelerador para que um Concílio pudesse ser entendido mais rapidamente. Não é o que acontece! Mais gente é trazida para o debate, mais argumentos passam a existir e mais palpites errados são dados. Isso só piora a situação. No final, cinquenta anos, são sempre cinquenta anos.

Precisamos nos conceder um pouco mais de espaço para respirarmos e mais tempo para fielmente estarmos no espírito do Concílio Vaticano II, junto com a Igreja, afinal, sem ela nunca estaremos no espírito de nada.

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